domingo, 15 de abril de 2012

Simples Sorriso


 Como fazer parte de um sistema que é de todos? Como entender as diferentes perspectivas? Como assumir o papel de profissional de saúde, com empatia aos problemas alheios e ao mesmo tempo ser imune a contratransferência? - Essas são dúvidas que fazem parte do nosso dia a dia como residentes. Na teoria há estratégias consonantes, no entanto, a prática é tão dinâmica e complexa, que muitas vezes, subverte os planos.
O complexo hospitalar da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) assim como a grande maioria dos hospitais escolas distribuídos pelo país oferece-nos um campo de atuação rico, no que se refere, a sua contemplação epidemiológica, ou seja, permiti que atendamos casos extremos que dificilmente encontraríamos em outros serviços. Contudo, justamente pelo porte impõe desafios aos residentes de passagem, sobretudo aos multiprofissionais. – E entender qual a dinâmica adotar nos diferentes cenários que passaremos faz parte do aprendizado! Ademais, na perspectiva de quem está por fora do multiprofissionalismo e se pautando na lei da inércia é preciso considerar que somos (humanos) avessos as mudanças, cabendo a NÓS a responsabilidade de mostrar (com jeitinho) o porque a mudança é melhor e mais que isso necessária, incluindo-se aqui o ‘esclarecimento’ da contribuição que cada multiprofissional tem a acrescentar ao serviço!
Falar em relações humanas é sempre muito complexo e por mais que se estabeleçam padrões de abordagem estas nunca conseguirão contemplar de modo satisfatório a infinidade de situações possíveis. Portanto, pensar no modo de atendimento e como interagir com minha equipe é uma preocupação elegível e sempre necessária. Isso significa que encontraremos resistência, obstáculos de comunicação, dentre tantos outros desafios que ora totalmente, ora parcialmente terão sua resolutividade em nossas mãos. - Quem dera tivéssemos uma fórmula pra isso! No entanto, o que a experiência mostra é que caminhos mais abertos a discussão das diferentes perspectivas e a interlocução entre os profissionais e profissional-paciente são mais salutares e portanto com maiores benefícios as partes envolvidas!
A atuação de um profissional de saúde é sustentada pelo conhecimento técnico e pelo humanismo. E a contemplação de que estes pilares se sobrepõem é imprescindível para que não deixemos de ser ao mesmo tempo técnicos e humanos nos nossos atendimentos. – Essa é um tarefa difícil! As vezes nos encontramos em situações conflituosas, onde a empatia passa a (pré)contratransferência e inconscientemente perdemos a objetividade ao ver nosso paciente, como um parente, amigo, etc... a barreira entre empatia e contratransferência é muito tênue, precisamos ficar atentos de modo a manter o profissionalismo!
Em síntese, é preciso entender que as dúvidas serão frequentes e os desafios intermináveis! ... hoje, o obstáculo é a inserção de um atendimento multiprofissional nos serviços de saúde, amanhã ... será outro qualquer, e depois tantos outros... isso faz parte da constante construção de sociabilidade humana, aceitar isso não significa estar inerte aos modelos impostos tampouco consentir, mas sim encarar com maturidade e equilíbrio, se permitindo maior preparo na condução das relações do dia a dia!
Boa semana galera, não vamos deixar que nossas inseguranças nos limitem, todos somos essênciais ... e as vezes, a resistência agente vence com um simples sorriso!


“Não faço pra te aborrecer / nem eu me entendo direito / meu jeito não da pra prever / as vezes da defeito / ... / as vezes o silêncio tapa os buracos / o amor prossegue intacto” 


Danilo Ponciano
Residente - Farmacêutico Bioquímico
Programa: Transplante e Captação de Órgãos

Nenhum comentário:

Postar um comentário