A
semana de um residente é mais instável do que... o tempo em São Paulo (analogia
não muito boa, mas que faz jus ao que quero dizer!). Os inícios são sempre ‘nublados’,
com uma frieza ao mesmo tempo acolhedora e cruel. -Somando-se: noites mal
durmidas, má nutrição, desgaste físico e mental ... e ao nosso auto-rigor
inevitavelmente nos torna um sinônimo de privações!. – Aliando estas, às
inconstâncias dos relacionamentos do dia a dia de trabalho, não seria exagero
dizer que estamos vivendo numa montanha russa de emoções.
As
segundas é sempre doloroso sair de casa ... olhar pra trás é estar certo de que
o final de semana passou num suspiro, que não houve descanso algum, estudo zero
e pior de tudo ... rs ... pouca diversão. Esses dias são infindáveis (só não
ganham da sexta feira!). Nas terças e quartas, vestir o ‘jaleco’ torna-se mais
confortável ... as aulas vespertinas ajudam a quebrar um pouco a rotina e a
encurtar o nosso dia, ‘é aconchegante como tomar solzinho no frio’.
As
quintas ... o cansaço pega nas nossas ‘mãos’ e não nos deixa mais ! ... mesmo dedicando
ao nosso trabalho a devida atenção, o corpo pede ‘arrego’, sentimentos de
vulnerabilidade se afloram e a empatia nas nossas relações se intensificam, aqui
os feixes de ‘sol’ ficam mais quentes. Sexta feira começa com a tensão de uma
bomba relógio em progressão! ... a cada minuto findado / uma alteração no
intervalo QT, aqui o ‘solzão’ ta gritando vem ni mim e a ansiedade pelo final
do experiente prolonga ainda mais a passagem do tempo!. Já os sábados e
domingos! Já te contei lá em cima, [talvez não tenha percebido] ... mas é que
passa rápido mesmo!
Falei
disso ... do ‘lado A’ ... sem conseguir me esquecer do ‘lado B’. O lado A seria
nossa percepção de si, de nossas necessidades, do nosso comportamento ao longo
dos dias. E o lado B, são os lugares que já passamos e todos os que ainda
passaremos, as influências e as contribuições que deixaremos. Assim como no A,
o B tem início, meio e fim. – Sendo estes também muitas vezes obscuros, frios e
nem sempre acolhedores mesmo estando com nossa empatia a disposição. O
importante é não perder de vista que toda ‘semana’ é instável e que a CNTP
(condições normais de temperatura e pressão) é uma condição idealizada, nem por
isso, devemos deixar de “experenciar” o que as inconstâncias tem a nos oferecer
de aprendizado!
Vago na lua deserta / Das
pedras do Arpoador / Digo "alô" ao inimigo / Encontro um abrigo / No
peito do meu traidor
Danilo Ponciano
Residente – Farmacêutico Bioquímico
Programa: Transplante e Captação de Órgãos