domingo, 6 de maio de 2012

Um vírus Multi(resistente)

Quando o assunto é cuidado em saúde é sempre muito complexo e limitado delegar a função a um grupo pequeno de profissionais a salvaguarda de uma vida. E como se não bastasse toda a complexidade dos distúrbios orgânicos, a psique humana impõe aos profissionais de saúde desafios aos quais nem sempre estamos preparados a enfrentar. Para tanto, a integração multidisciplinar e multiprofissional ganha um status de imprescindível a todo e qualquer serviço que se disponha a atender de forma profissional e humanizada os seus pacientes.
A atuação em equipe multiprofissional é sempre um desafio independente do segmento, significa estar aberto a novas perspectivas, dividir responsabilidades e méritos, aceitar e assumir limitações e sobretudo reconhecer a necessidade de outro profissional num espaço que julga ser “seu”. As dificuldades em se implantar esse modelo variam de acordo com setor do serviço, instituição e perfil dos profissionais envolvidos. Contudo, independente de qualquer um destes fatores só é exequível progressos nesse sentido quando se estabelece um via de mão dupla permitindo a comunicação e construção gradual de limites e papéis que cada um assumirá na equipe.
A residência multiprofissional foi criada a partir da lei 11.129 de trinta de junho de 2005. A proposta veio de encontro com a necessidade em oferecer educação continuada aos demais profissionais não médicos, para que, o atendimento em saúde seja eficiente, completo e compartilhado entre as profissões. A saber, que este contemple as diversas demandas que um ser doente possa ter ... seja ela de origem orgânica, psíquica e/ou social. Com sete anos de vigência da lei, muito já foi feito e ainda muito mais é necessário para que as pretensões iniciais tornem-se realidade. De todo modo, vivenciamos um cenário promissor e que convoca a responsabilidade dos residentes multiprofissionais a assumirem seus papéis e espaços que lhe são de direito/dever.
Na implantação de um modelo de atendimento multiprofissional muitas discussões, polêmicas, barreiras e dilemas surgirão ... isso faz parte do processo!. No entanto, não podemos deixar que estes limitem nossa atuação e tampouco que sejam empecilhos na corresponsabilização dos cuidados em saúde. Em outras palavras significa dizer que é um requisito básico ao residente multi ser seguro, estar atento a legislação de interesse, proativo, solicito e assumir que a forma como quer ser visto pelos outros profissionais depende de si.
O vírus da multi é multiresistente!... essa é um epidemia que não dá pra controlar!. O que nos resta agora é assumir com segurança nossos espaços e deixar claro que estamos no serviço para completar. Os paradigmas são mutáveis e a história é agente que constrói, se identificamos contracensos e deficiências no nosso ambiente de trabalho é nosso papel evidencia-los e contribuir pelas melhorias. Boa semana!

“I'm telling you that / It's never that bad / (...) / So just give it one more try / (...) / To let you know that you're not alone

Danilo Ponciano
Residente - Farmacêutico Bioquímico
Programa: Transplante e Captação de Órgãos

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