Duas semanas se passaram como se
fossem dois meses!... O cansaço agora nos é um companheiro inseparável e apesar
das dose’S horas diárias ainda não tivemos tempo de absorver o tudo que essa
rotina tem nos ensinado. No entanto, a percepção desse tempo de trabalho
corrido prova que nossas suspeitas não estavam tão erradas. De fato o serviço,
os profissionais nele inseridos e até mesmo os professores ainda não entenderam
como trabalhar a formação multiprofissional. Cabendo a nós, mais do que a
qualquer outro, a árdua tarefa de aprender e a ensinar como ser
multiprofissional.
Talvez, agora mais do que nunca a
palavra residência nos faça sentido. Passamos a maior parte do nosso dia com
desconhecidos, ouvindo suas queixas, vivenciando seus momentos de extrema
vulnerabilidade e compartilhando, inconscientemente, um pouco de nós. No meio
disso tudo, encontramos ou talvez (Re)encontramos amigos de “infância”, que por
compartilharem a situação vivenciada acabamos por descobrir afinidades e
motivos para admiração.
O ambiente dos serviços de saúde, por
mais, aconchegantes e acolhedores que sejam nunca serão suficientemente fortes
contra o escárnio humano. No nosso dia a dia, vislumbramos de perto e a todo
momento o quão frágil e instável é a vida. E como se não bastasse o peso dessa
realidade temos a responsabilidade do cuidado e de resgatar a dignidade desses
indivíduos, seja na continuidade da vida ou na sua despedida. Deste modo, me
parece que o empenho entre diferentes profissões, não seja uma opção mas sim
uma necessidade, pois só assim conseguiremos tomar decisões com maior segurança
e sobretudo maior respeito aos indivíduos sob nossos cuidados.
Temos sim, vontades, necessidades,
carências e todo o direito de fraquejar e sucumbir ao egoísmo que é inerente ao
ser humano, negar isso é se enganar de forma inútil. Então o que fazer?
certamente não há uma resposta única a essa pergunta. Arrisco a dizer que é
importante manter o auto-respeito, se esforçar para administrar nossas
necessidades evitando ignorá-las em detrimento do que pensamos ser prioridade,
afinal o acúmulo de frustrações pode ser muito mais danoso nas nossas relações
do que os ‘nãos’ dados.
As vezes, no meio do dia olhamos em
volta e nos perguntamos o que estamos fazendo aqui? há muito trabalho, nos
sentimos perdidos e sem orientação e ainda assim não conseguimos nos eximir do
papel de profissionais! penso que estamos no caminho certo, com humildade,
trocas e auto-respeito construiremos um ambiente salutar a salva-guarda da vida
dos nossos pacientes.
Esse é um espaço que espero que
possamos dividir nossas experiências, sejam elas as mais diversas possíveis,
ligadas especificamente as profissões, relatos, queixas, casos (sempre
respeitando a confidencialidade individual!)... por favor, se permitam
mostrar-se, compartilhem, todos temos muito o que ensinar e aprender.
Certamente cada um a seu tempo entenderá que a nudez anatômica não é o mais
íntimo, sobretudo que a nudez da alma não é algo que devemos esconder daqueles
que respeitamos!
Desejo a todos um ótimo domingo, conto
com todos na construção dos multiprofissionais!
“uma palavra amiga? uma notícia
boa?”...
Danilo
Ponciano
Residente
- Farmacêutico Bioquímico
Programa:Transplante
e Captação de Órgãos
A vida nos convida a vivê-la, a experimentar alegrias, tristezas, vitorias, frustrações, dores e sonhos.
ResponderExcluirConvida-nos a contribuir na redação de uma historia.
Um ótimo domingo a todos.
Beijosss..
Jerusa Toloi
Nutricionista
Programa: Cuidados intensivos do Adulto.
Quero parabenizá-lo pela iniciativa da construção desse espaço de diálogo e reflexão.
ResponderExcluirO cuidado em saúde, o trabalho multiprofissional nos exige muita dedicação e extrema PERSISTÊNCIA para tornarmos real o futuro que idealizado!
Ao guardarmos a vida de nossos pacientes estamos guardando as nossas próprias!
Podem contar com minha colaboração ativa nessa construção!!!
Samantha Mucci
Obrigado Samantha ... sem dúvida a troca de experiências e perspectivas é vital no entendimento de toda complexidade envolta nos cuidados dos nossos pacientes!
ResponderExcluirDanilo Ponciano