Quando agente nasce, nasce também um inconsciente
cheio de vontade e força, que sem o nosso consentimento norteia nossa postura e
decisões. Um belo dia, chegamos na vida adulta e nos apoderamos da falsa sensação
de equilíbrio, sensatez e de um convencimento inoportuno e fatal. Com isso, inadvertidamente
somos subjulgados a um maniqueísmo que leva-nos a julgamentos constantes em
detrimento do aprendizado, do conhecer, do vivenciar. Em 2005, com a lei 11.129
institui-se o ProJovem, programa do governo federal destinado a qualificação de
jovens profissionais “ voltado a estimular a inserção produtiva cidadã e o
desenvolvimento de ações comunitárias com práticas de solidariedade, exercício
da cidadania e intervenção na realidade local.” Na sequência, novas
legislações foram aprovadas, no sentido de normatizar e garantir, aos
profissionais da saúde contemplados, “um
curso de especialização caracterizado
por ensino em serviço, sob a orientação de profissionais de elevada qualificação ética e profissional”. Após sete anos de vigência, o que observamos
é uma adaptação do beabÁ legislatório ao falatório organizacional das empresas
executoras e parceiras, culminando com uma atrofia do desenvolvimento humano e técnico-científico
dos estudantes.
Opiniões divergentes e interesses
distintos não são empecilhos ao grupo com um ou mais objetivos concordantes.
Exceto, aquele que não possui definições claras de suas metas e que não consegue
se eximir da subjetividade carregada de julgamentos. A destarte, este é um momento que nos insita preocupações e coloca o
Multiprofissionalismo em risco, uma política que não só busca a humanização dos
atendimentos em saúde, contemplando as diversas demandas que um indivíduo possa
ter, de forma integrada, racionalizada e eficaz, bem como, tende a trazer maior
valorização as categorias profissionais envolvidas. Convocando-nos a
importância de assumir de forma individual e coletiva a responsabilidade na
defesa deste movimento.
A muito creditou-se às academias o
poder centralizador na construção do conhecimento e na geração de políticas
sociais que nortearia nossa civilização. Apesar das controvérsias, é sim este
um meio rico para o desenvolvimento humano e consequentemente oportuno às
melhorias. No entanto, é também um ambiente onde se observa excessos na
burocratização das ações, o engessamento do conhecimento prosaico e desprovido
de juízos de valor e a atrofia de iniciativas comprometidas com a sociedade. A
saber, cito a resistência em aceitar o novo buscando adapta-lo ao velho.
A estranheza em questão não focaliza
as intempéries no caminho das pedras, pois estes são aceitáveis e esperados. O
que está em discussão é a perda de foco, de valores e a entrega imatura do “maduro” ao seu famigerado inconsciente.
Inconsciente que nos trai, nos torna prisioneiros da falsa sensação de poder e
que fatalmente atinge aqueles que por infelicidades do acaso cruzaram nossos
caminhos.
Aos
colegas Residentes, digo que “aquilo que vem do coração” reage em cadeia / Incendeia o corpo inteiro /
Faísca, risca, trisca, arrodeia / Dispara o rito certeiro / É Avassalador / (...) / Toma de assalto, atropela / É uma Vela de incendiar
/ (...) / É aquilo que ilumina / Invade a retina
/ Retém no olhar / É
O lance que laça na hora(...) Que O mundo muda !
O lance que laça na hora(...) Que O mundo muda !
Danilo Ponciano
Residente – Farmacêutico Bioquímico
Programa: Transplante e Captação de Órgãos