quinta-feira, 23 de agosto de 2012

No caminho das pedras...




 
Quando agente nasce, nasce também um inconsciente cheio de vontade e força, que sem o nosso consentimento norteia nossa postura e decisões. Um belo dia, chegamos na vida adulta e nos apoderamos da falsa sensação de equilíbrio, sensatez e de um convencimento inoportuno e fatal. Com isso, inadvertidamente somos subjulgados a um maniqueísmo que leva-nos a julgamentos constantes em detrimento do aprendizado, do conhecer, do vivenciar. Em 2005, com a lei 11.129 institui-se o ProJovem, programa do governo federal destinado a qualificação de jovens profissionais  voltado a estimular a inserção produtiva cidadã e o desenvolvimento de ações comunitárias com práticas de solidariedade, exercício da cidadania e intervenção na realidade local.” Na sequência, novas legislações foram aprovadas, no sentido de normatizar e garantir, aos profissionais da saúde contemplados, um  curso de especialização caracterizado por ensino em serviço, sob a orientação de profissionais de elevada qualificação ética e profissional”. Após sete anos de vigência, o que observamos é uma adaptação do beabÁ legislatório ao falatório organizacional das empresas executoras e parceiras, culminando com uma atrofia do desenvolvimento humano e técnico-científico dos estudantes.  
Opiniões divergentes e interesses distintos não são empecilhos ao grupo com um ou mais objetivos concordantes. Exceto, aquele que não possui definições claras de suas metas e que não consegue se eximir da subjetividade carregada de julgamentos. A destarte, este é um momento que nos insita preocupações e coloca o Multiprofissionalismo em risco, uma política que não só busca a humanização dos atendimentos em saúde, contemplando as diversas demandas que um indivíduo possa ter, de forma integrada, racionalizada e eficaz, bem como, tende a trazer maior valorização as categorias profissionais envolvidas. Convocando-nos a importância de assumir de forma individual e coletiva a responsabilidade na defesa deste movimento.
A muito creditou-se às academias o poder centralizador na construção do conhecimento e na geração de políticas sociais que nortearia nossa civilização. Apesar das controvérsias, é sim este um meio rico para o desenvolvimento humano e consequentemente oportuno às melhorias. No entanto, é também um ambiente onde se observa excessos na burocratização das ações, o engessamento do conhecimento prosaico e desprovido de juízos de valor e a atrofia de iniciativas comprometidas com a sociedade. A saber, cito a resistência em aceitar o novo buscando adapta-lo ao velho.
A estranheza em questão não focaliza as intempéries no caminho das pedras, pois estes são aceitáveis e esperados. O que está em discussão é a perda de foco, de valores e a entrega imatura do “maduro” ao seu famigerado inconsciente. Inconsciente que nos trai, nos torna prisioneiros da falsa sensação de poder e que fatalmente atinge aqueles que por infelicidades do acaso cruzaram nossos caminhos. 




Aos colegas Residentes, digo que “aquilo que vem do coração”  reage em cadeia / Incendeia o corpo inteiro / Faísca, risca, trisca, arrodeia / Dispara o rito certeiro / É Avassalador / (...) / Toma de assalto, atropela / É uma Vela de incendiar / (...) / É aquilo que ilumina / Invade a retina / Retém no olhar / É
O lance que laça na hora(...) Que O mundo muda !
 

Danilo Ponciano
Residente – Farmacêutico Bioquímico
Programa: Transplante e Captação de Órgãos