Entender a vida é tão impossível quanto
desejável / Coração que impulsiona a busca / Coração que obscurece e entorpece o racional / Paciente que me preocupa e me desafia / Paciente que me ensina sobre a vida sem eu
perceber
Onde está o conhecimento? onde está a
solução? / O racional, o sentimento, como prover um
seguimento? / Parte de mim diz que sim, parte de mim diz que
não / Quero viver sem entender a dor e a
fragilidade / Mas preciso saber, não consigo afastar de mim
esse desejo de conhecimento
Quando olho, vejo a beleza e a leveza do
pulsar de um coração / Um coração que impulsiona, o respirar, o
falar, o ouvir, o agir / Agir, como agir? todos somos tão iguais e
irracionais num modo peculiar de ser / Merecer? como merecer o dom do cuidado, do
acolhimento humano? / O que é humano?
Aflição constante que me entorpece e me
esquece de viver / Viver por mim, viver pelo outro, mostra-lo a
beleza e grandeza do respirar / Respirar, na dor, no calor de um beijo meu,
num abraço seu / O que é meu? o que é seu? quem é o portador pelo
direito de uma vida?
Adiante os pensamentos vão e vem assim como
as batidas de um coração / Coração angustiado e sedento por entender o
que a vida incessantemente nos apela / Ensina o incontrolável, a efêmera passagem / Ensina o paciente e o doutor que todos devem
ser pacientes
Quando o assunto é cuidado em saúde é
sempre muito complexo e limitado delegar a função a um grupo pequeno de
profissionais a salvaguarda de uma vida. E como se não bastasse toda a
complexidade dos distúrbios orgânicos, a psique humana impõe aos profissionais
de saúde desafios aos quais nem sempre estamos preparados a enfrentar. Para
tanto, a integração multidisciplinar e multiprofissional
ganha um status de imprescindível a todo e qualquer serviço que se disponha a
atender de forma profissional e humanizada os seus pacientes.
A atuação em equipe multiprofissional
é sempre um desafio independente do segmento, significa estar aberto a novas
perspectivas, dividir responsabilidades e méritos, aceitar e assumir limitações
e sobretudo reconhecer a necessidade de outro profissional num espaço que julga
ser “seu”. As dificuldades em se implantar esse modelo variam de acordo com
setor do serviço, instituição e perfil dos profissionais envolvidos. Contudo, independente
de qualquer um destes fatores só é exequível progressos nesse sentido quando se
estabelece um via de mão dupla permitindo a comunicação e construção gradual de
limites e papéis que cada um assumirá na equipe.
A residência multiprofissional foi criada
a partir da lei 11.129 de trinta de junho de 2005. A proposta veio de encontro com
a necessidade em oferecer educação continuada aos demais profissionais não
médicos, para que, o atendimento em saúde seja eficiente, completo e
compartilhado entre as profissões. A saber, que este contemple as diversas
demandas que um ser doente possa ter ... seja ela de origem orgânica, psíquica
e/ou social. Com sete anos de vigência da lei, muito já foi feito e ainda muito
mais é necessário para que as pretensões iniciais tornem-se realidade. De todo
modo, vivenciamos um cenário promissor e que convoca a responsabilidade dos
residentes multiprofissionais a assumirem seus papéis e espaços que lhe são de
direito/dever.
Na implantação de um modelo de
atendimento multiprofissional muitas discussões, polêmicas, barreiras e dilemas
surgirão ... isso faz parte do processo!. No entanto, não podemos deixar que
estes limitem nossa atuação e tampouco que sejam empecilhos na
corresponsabilização dos cuidados em saúde. Em outras palavras significa dizer
que é um requisito básico ao residente multi ser seguro, estar atento a
legislação de interesse, proativo, solicito e assumir que a forma como quer ser
visto pelos outros profissionais depende de si.
O vírus da multi é multiresistente!...
essa é um epidemia que não dá pra controlar!. O que nos resta agora é assumir
com segurança nossos espaços e deixar claro que estamos no serviço para
completar. Os paradigmas são mutáveis e a história é agente que constrói, se identificamos
contracensos e deficiências no nosso ambiente de trabalho é nosso papel evidencia-los
e contribuir pelas melhorias. Boa semana!
“I'm telling you that / It's
never that bad / (...) / So just give it one
more try / (...) / To let you know that you're not alone”